Quem será que sou eu?

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Tô aqui pra mostrar o quão pode ser ruim a vida de alguém que tem cisto pilonidal e o quão as pessoas que reclamam da vida tão na boa e não sabem. ¬¬

domingo, 22 de agosto de 2010

Correr.

Você com saúde 100%.
Já parou pra se perguntar se você já deu valor ao correr?
- Correr é magnifíco quando não há dor, quando não há medo de que correndo, essa merda de cisto possa voltar. Mas eu aposto que você nunca pensou. Ninguém pensa até ter a prova que é completamente ruim não poder fazer o que se gosta direito. Não é?
Sorte a sua que nunca teve um cisto pilonidal.
(Lembrando ele não é grave na maioria dos casos, e eu respeito as outras doenças piores, minha grande revolta, é com as pessoas que tão bem em vários aspectos e reclamam da vida por coisas banais, ok? BjoNaBundaSemCisto

Agora... março/2010

Yeah, minha 2ª cirurgia de retirada de cisto pilonidal.
Eu me sentia preparada psicologicamente pra isso. Engano meu, eu não estava.
Mas eu preferia curtir a piada, achando que essa cirurgia era tão fácil quanto a primeira pareceu ter sido. Eu nem lembrava das dores da primeira cirurgia, a única coisa que eu adorava era o fato de não ter sentido dor da anestesia.
Nada saiu como eu tinha planejado.
Era dia 29 de março, acordei as 6h. Todos os pré-procedimentos.
Me deram um remédinho, com certeza ele não funcionou. Não relaxei, eu estava contra mim mesma. A coisa dessa vez não seria fácil. Na sala, o anestesista chegou, ele não foi legal que nem o que me anestesiou em 2008. Senti 3 agulhadas na coluna, das fortes. Eu teimava em meus pensamentos que a anestesia não havia pego direito. Dito e quase feito, não senti cortes, mas senti todas as mexidas e a raspagem. Lembro de dizer que eu estava sentindo, e eles me davam algo quase como morfina, mas não me fazia efeito ao que eu entendia. Depois de 1h numa posição sinistra (dessa vez), quando fui a sala de recuperação, eu disse que sentia minhas pernas, e me doía ficar com a bunda pra baixo (que não me doeu da primeira vez). Levantei minha perna pro alto pras enfermeiras acreditarem em mim. Fui pro quarto apenas 2 horas depois (tremendo erro).
A anestesia pareceu começar a pegar em mim pelas 14hs. As 16hs vieram me assustar... Dizendo caso eu não conseguisse ir ao banheiro, me colocariam uma sonda... eu gritei: NUNCA! -> "eu vou ao banheiro, não coloco sonda nem que me paguem". Quando levantei, em torno das 17hs, quase desmaiei, vi tudo preto e azul. Me senti gelada e fraca. Um peso nos ombros. Me deitaram com os pés erguidos para que eu me recuperasse. Ali foi só o começo do meu histerismo. Eu tava chata, eu sentia coisas tão estranhas, tudo completamente diferente da primeira cirurgia, que saudade eu tinha da minha primeira cirurgia. Enfim, fui ao banheiro. Mas não foi o bastante pra eu melhorar, ficava tonta de 10 em 10 minutos. O som da televisão estava no volume 2 e eu não aguentava ouvir, sentia como quando os cachorros devem sentir os foguetes em dias de jogos. Eu mandava todo mundo calar a boca, não suportava nenhum tipo de som. Eu dizia pra minha mãe: "minha vontade é pular a janela e acabar com o que eu tô sentindo, não aguento mais". Me acalmei com um remédio e dormi, acordei um pouco melhor, porém, com vontade de vômitar. Eu não queria vômitar, e não vômitei. Alguma coisa tinha que dar certo! ;)
Esperei o doutor no primeiro dia para o curativo, ele não veio. O curativo seria feito depois de 48hs. GELEEEEI! Ía doer?

Se foi 2008, entrou 2009.

Pois bem, depois de tanto sofrimento eu praticamente não me lembrava do Cicinho.
Comecei a festear como sempre, mas nunca me bati (ao menos nunca bati a bunda, pelo que me recordo). Tinha vários planos, ia pro carnaval (foi um dos melhores), completaria 19 anos em junho, ficaria numa bendita folguinha de estudos e tentaria ir embora pra Santa Maria ao fim do ano.
Aquele ano correu, eu as vezes lembrava do Cicinho... "já faz 1 ano e meio que eu sofri, mas passou" ufa. Ufa, nada. Tantos planos de futuro, mas ele retornou. Sim, ele as vezes pode voltar... Eu fui a escolhida...
Dizem que 80% dos casos se dá em homens, ou seja 20% em mulheres (meu caso)... Ainda dizem que depois de retirar o abcesso/cisto, a chance de recidiva é de 10%. Espera! Eu estava mesmo em todas as baixas hipóteses? Será que é minha sorte esse fator de eu ser a minoria?
Há-há-há.

Bem, imagina.. minha sorte já começava pelos 20% que importunavam as mulheres, e depois os 10% de recidiva.
Eu, com certeza fui abençoada. Eu nunca reclamei muito do cisto, até sempre que podia fazia alguma piada pra quebrar o gelo, e parecer que eu me despreocupava. Não era tão fácil assim.
Voltou! Era o que eu pensava. Não queria que fosse verdade.
Uma dor incontrolável, o estouro de pus novamente. Bastante! Muito! Incrível!
Esse devia ser muito maior que o primeiro. Final de ano, eu tentava me preparar pro vestibular. Mas e se eu passasse como eu ia conviver com essa dor?
Nao iria dar, viajei por viajar, pra espairecer...  Vestibular de verdade foi a 2ª opção. Fiz por fazer, eu teria mais uma cirurgia. Quando voltei, o cisto drenava sozinho dia e noite, não fechava, só saía pus, ao menos não doía.
Mas incomodava o fato de ter que ficar preocupada sempre em usar algum gaze ou algo que tapasse a fim de não passar para a calça. Eu queria fazer logo a cirurgia, mais um ano perdido. Pensava eu.  Já era março de 2010.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dias após...

Legal, fui embora no outro dia. Pena ter o curativo antes, que doeu bastante. As gaze ensanguentada grudaram secas na pele, cada pazada era uma minhoca. ;@
Me assustavam ainda.. dizendo que o meu buraco era enoooooorme, que cabia uma mão dentro.. eu só agradecia pelo apoio. ^^  (risos)
Pra que ter inimigo? :)

O buraco estava ali aberto, sempre saia sangue, tinha que meter o toalhão. Sorte que o pai me levava fazer o curativo, meus trajes não seriam os melhores a ser vistos pelas outras pessoas... Em geral, um estilo largadão, as calças de pijamas... Calcinhas 1000 vezes maiores pra não apertar... ¬¬'

Lembro que as 2 primeiras semanas foram terríveis, doía tanto, tanto que eu tomava injeção na bunda. hoho (6)'
Depois começou a ficar tranquilo... eu ia tão feliz que conquistei várias pessoas com o meu carisma (hauhuhahhuha). Os curativos levaram 3 meses, fiquei 3 meses com a bunda aberta e virada em açucar. Sim, o primeiro procedimento levou açucar. As formigas me adoravam. Como foi a primeira e eu não tinha preocupações eu saía, me divertia, nem pensava no Cicinho. Melhorei, que felicidade. Nenhuma cicatriz õ/.

Era julho, continuava estudando, agora só fazendo farra. Minha vida voltava ao normal gradativamente. O que será que pode acontecer? :)

Próximos capítulos.. digo POSTS! =D

A cirurgia.

A bélissima realizou-se em 18/03/08. Lembro vagamente, mas preferiria lembrar dessa do que a última... Mas essa é assunto pra mais tarde!

Eu queria anestesia geral, e o médico dizia que a peridural era a melhor... Eu tinha medo daquele agulhão adentrando minha coluna. :S

Eu levei um sustinho ao saber que a cirurgia era de fora pra dentro e por isso, ficaria aberta, nem tinha me ligado de procurar por isso na internet, por um lado foi melhor, se não eu teria me assustado na época. E hoje também me assustaria, sou tri cagona.

É meio "caborteiro" falar isso, mas a preparação para a cirurgia foi o mais complicado... :S

-> o nervosismo é um excelente destruídor de esperança
-> só de pensar em várias pessoas mexendo no seu bumbum não é tão legal assim...  hoho
-> eu não sabia... mas certa hora chegou uma enfermeira com uns caninhos e 4 soros... (era a tal da lavagem).. eu fiquei confusa, chorava, não queria mais desastres em volta da minha bunda.. iuahiuhiuah agora eu acho engraçado
-> depois vieram depilar tudo tudo tudo.. >< tristeza sem fim.. depois da gilete.. pelo amor de Deus... ¬¬'

pois bem, me deram aqueles remédinho, coloquei aquela roupinha linda de hospital... e eu tava mais nervosa que um cara que o time caiu pra série B. A última vez que tinha ficado nervosa foi quando o Grêmio jogou contra o Náutico (a Batalha dos Aflitos) e tinha 4 expulsos e um pênalti contra. ;@

Chegou o anestesista que vendo minha angústia tentou me acalmar, mandou eu ficar numa posiçao inconforta e me aplicou a tal da peridural, nem senti, e com isso me veio um alívio: "eu não senti nada, não senti nada, o que pode acontecer de errado se meu medo era só esse?"

Procedeu-se com a cirurgia... 50 minutos só!
Fui pra sala de recuperação, tinha um paco de gente, eu era a única razoavelmente bem, não consegui dormir, tinha um cara bonito do meu lado cheio de tubos... eu sempre tentava/tento achar algo bom nas paradas sinistras da minha vida. Fiquei amiga das enfermeiras e combinamos até festa (eu achando que em 1 semana tava tri boa =x). Depois percebi o porque que a peridural era melhor que a geral. O bonitão tinha feito apêndicite e quando ele acordou foi terrível... Era tubo saindo da boca, e outro saindo lá de baixo. Dava Graças pôr não ter feito anestesia geral, tudo que eu queria era agradecer o médico por não ter me ouvido.

Sorte? Onde ela andará?

Pois bem, decidi ir pra casa e pensar que nunca voltaria. Esqueci por um tempo. Mas há certas coisas nessa vida que a gente não deveria esquecer...
Nunca vi como naquele ano eu gostava de cair, eu achava lugares pra cair.

Tava andando com um namoradinho pela rua... e resolvemos atravessar a rua, beleza! Se não fosse por eu pisar nas pedrinhas que estavam na calçadinha e virar um 180 graus e cair de bunda no meio da rua... Sorte que naquela bendita rua movimentada, certa hora não tinha ninguém, caso contrário eu iria ser a mais comentada. Naquela hora eu senti dor no meu pé que ficou meio torto, mal sabia eu que o pé ia sarar em 2 dias e que minha bunda ia voltar a doer em 1 semana... ¬¬

Fui lá no médico de novo (por volta de novembro/07), drenei, chorava feito condenada, ainda mais que ele me chamava de Mimosinha... (é a vaca) UEHUEHEUHUE... mas ainda conseguia crer que não era nada grave e não ia voltar, eu jurava que não ia mais no médico. Só jurava. Passaram-se mais 4 meses sem dor, até chegar o carnaval de 2008. Sabe como é carnaval... Bumbum sendo batido, Cicinho (apelido carinhoso dado ao meu cisto pilonidal) aparecendo. Sorte que eu aproveitei o carnaval pois os sintomas apareceram na última noite. Beleza, fui pro médico, dessa vez com a certeza de que eu tinha que operar, não queria mais sofrer.

domingo, 15 de agosto de 2010

Como começou...

Parece que foi ontem, mentira, faz um tempinho já.
Acho que foi por 2007... 
Minha vida sempre foi muito desastrosa, no sentido desastroso da palavra.
Eu adorava cair... Pois bem,
eu tinha mania de ser pop, queria me meter em tudo, e então como estava no 3º ano do ensino médio, me enfiei nas interséries... (péssima escolha)!!
Mas péssima não era a idéia de jogar volêi, eu não era das piores, e tinha altura, valia muito. (y)
Péssimo era o modelito que eu resolvi usar pra jogar volêi a tarde: jaquetinha apertada, calça jeans... chave e celular no bolso da jaqueta. Sinal de merda!
Certa hora, fui fazer uma jogada sensacional, salvei a equipe, mas não me salvei, virei um mortal e cai com tudo (e de bunda) no chão. Na hora, altos risos, e eu nem senti dor. Mas foi só por aquelas horas. O primeiro tombo ocorreu em meados de maio.

Passaram-se uns 3 dias, eu adorava ficar no pc até madrugadão e não levantava, ficava só sentada, bem sentada. Comecei a sentir dores no que julgava ser o cóccix. E não dava bola, nem lembrava do tombo... Tomava paracetamol e deu. Certas vezes na outra semana, não conseguia ficar sentada na escola tamanha era dor que eu sentia, algo não era normal, mas eu ainda achava que era de tanto sentar que meu cóccix doía.
Me lembro de passar pelas ruas, e ver algumas velhinhas andando curvadas e achava aquilo o máximo, até acontecer comigo. Inchou atrás, ali no comecinho da "linha escura", pois bem, eu não conseguia ficar ereta mais, não riem do ereta mas é a melhor palavra para designar que eu não conseguia ficar em pé.
Quando eu explodia de dor e não conseguia mais sentar e nem ficar em pé, depois de tantas simpatias (achando se tratar de um furuncúlo), resolvemos ir no médico... Eu que não conseguia subir direito escadas, muito menos rampas (eu ia me arrastando), um médico covardão, me fez subir na maca pra dizer que não sabia o que era (me bateu a revolta), pois bem, ainda bem que ele não sabia, me mandaram pra outro... meu Salvador... que salva até hoje... ¬¬
Chegando lá tive que esperar, enquanto esperar, eu parecia o corcunda de Notredame e me comparar com as velhinhas de bengala medindo 1,50m de altura, agora já era comum em meus pensamentos. E enfim, entrei no consultório... Era um abcesso. Ali na região sacro-coccigea. Fizeram um dreno. Aff, o dreno, Achei que o dreno era o pior que poderia me acontecer, enganada estava eu...
Anestesia local, vários apertões, cheiro de ovo podre... tamanha inflamação.
Tudo de dentro pra fora. Fiquei aliviada, tirei o peso das costas (literalmente), eu era de novo a mesma de sempre. Tranquila e serena, nem tão serena, mas eu estava tranquila, nada poderia estragar minha vida novamente.
O médico disse que eu precisava consultar depois pra operar, que era um cisto pilonidal e que eu teria de retirá-lo. Eu tinha o maior medo de cirurgia, sempre achava que eu nunca ia fazer cirurgia (não naquela idade - 17anos- ), ou pelo menos fazê-la por algo importante, uma cesariana lá pelos 30, ou só depois de velha. Com muito medo, eu disse: "Não doutor, não vai voltar, já tô bem até. A gente se vê por aí" É a gente iria se ver.. muitas e muitas vezes...